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Data: 13/07/2023
Debates realizados no Febraban Tech 2023 evidenciaram desafios e oportunidades da tokenização da economia
O mercado de tokenização de ativos está no começo, porém suas implicações são profundas para o mercado financeiro. A tokenização de ativos define novos trilhos para a economia baseados em tecnologia blockchain e apesar desta mudança de infraestrutura do mercado financeiro ser um grande desafio para seus participantes, inúmeros benefícios para o mercado, como os que listamos abaixo.
A tecnologia blockchain desbloqueará novas fontes de liquidez através da negociação de novos ativos e de serviços financeiros e marketplaces mais eficientes.
Definição de um padrão único para a infraestrutura de mercado financeiro com base na tecnologia blockchain, que gerará eficiências na liquidação de ativos entre participantes.
O uso de contratos inteligentes trará automação de processos operacionais, incluindo as diferentes etapas no ciclo de vida de instrumentos financeiros.
Para o consumidor, a tecnologia permitirá investir em um maior número de ativos e serviços financeiros mais acessíveis e transparentes.
Nos diversos debates que aconteceram ao longo da última edição do Febraban Tech, realizada em São Paulo entre os dias 27 e 29 de junho, ficou clara essa visão e expectativa entre a maior parte dos especialistas convidados para falar sobre o futuro da chamada “economia tokenizada”.
Segundo estudo do Citibank, citado diversas vezes nas conversas, o mercado de ativos tokenizados pode chegar a valer R$ 20 trilhões até 2030.
A exemplo do Pix e do Open Finance, a tokenização de ativos por meio do uso da tecnologia blockchain veio para ficar - e deve abrir um leque enorme de oportunidades e vantagens para instituições que atuam no setor financeiro.
A seguir, destacamos as principais questões levantadas no evento sobre a evolução dessa nova economia digital e seus desafios.
Brasil pode sair na frente como um dos principais players do mundo
O Brasil está na vanguarda na tokenização da economia. Segundo especialistas, o país reúne alguns fatores e vantagens que o colocam à frente de outros países no caminho da inovação financeira. O tamanho da população (e o potencial de mercado, portanto) é um deles. A abertura e a disposição dos órgãos reguladores e do governo em participar da inovação e gerar um ambiente propício para o desenvolvimento desse mercado é outro.
“No Brasil, temos elementos muito favoráveis, começando com o decreto que coloca o Banco Central como órgão regulador do mercado de criptoativos, que é muito positivo”, afirmou Marcos Viriato, CEO e cofundador da Parfin, em painel sobre custódia global e regulação, referindo-se ao decreto assinado em junho, que regulamenta a Lei Nº 14.478, conhecida como o Marco Legal das Criptomoedas. “Além disso, a CVM175 deve estimular uma indústria de fundos da ordem de R$ 350 bilhões”, completou o CEO, em referência à resolução que entra em vigor em outubro deste ano.
Evandro Camilo, head of products para digital assets no Santander, destacou a aproximação do governo com o mercado e comparou com os Estados Unidos. “O Brasil tem um diálogo muito grande com o mercado; o trabalho que está sendo feito, principalmente pelo Banco Central, é muito próximo da inovação, tanto que temos um dos maiores mercados de fintechs”, afirmou. “Nos EUA, a dificuldade é maior devido à grande quantidade de reguladores e sobreposição de funções”.
Real Digital e entrada dos grandes bancos vai impulsionar avanço
Quando a grande virada irá acontecer? Essa questão perpassou os principais debates. A conclusão é que estamos no começo, mas a hora para se preparar para essa nova economia digital é agora.
É normal que fintechs estejam, hoje, encabeçando a mudança, com a criação e experimentação de soluções de infraestrutura e tecnologias. Há ainda a constatação de que a chegada do Real Digital e a entrada dos grandes bancos deve impulsionar ainda mais o setor. “O Bacen e a CVM vêm discutindo as questões regulatórias de forma muito salutar, e os testes mostram que o Real Digital vai ser um ente relevante da cadeia, como aconteceu com o Pix”, afirmou Fernando Freitas, superintendente executivo do Bradesco, em debate sobre casos de uso e exemplos práticos.
Freitas abordou como o Bradesco tem se movimentado para abraçar a mudança. “Não estamos sozinhos. Esse é um mercado que exige parcerias estratégicas”, disse o executivo. “Há blocos básicos que não podemos abrir mão, como a custódia para proteger as chaves dos nossos clientes. Estamos tentando entender como se proteger, como criar camadas que nos permitam ter conforto para criar produtos nesse novo mundo. A Parfin é uma parceira nossa. Em 4 anos, achamos que esse mercado estará destravado”, completou.
Privacidade e segurança são essenciais para conquistar confiança do público
Muito atrelada ao avanço da economia tokenizada está a preocupação com a segurança das novas tecnologias e a proteção que elas oferecem para seus patrimônios. Ao consumidor, não importa conhecer a tecnologia em si, mas ter a certeza de que seu patrimônio estará seguro e que seus dados não serão compartilhados.
Caberá às instituições garantirem essa proteção, por meio da implementação das melhores práticas para a gestão eficiente dos ativos digitais. “A gestão dos diversos tipos de contas de custódia (individualizadas ou não) tem que ser refletida num controle virtual. O custodiante vai precisar ter uma visão 360 de suas contas e a tecnologia deve suportar todo esse processo”, afirmou Marcos Viriato, CEO da Parfin, no debate "Custódia de ativos digitais em um cenário global e regulado".
Instituições devem mirar na educação do consumidor e na ampliação do acesso
Não há sucesso de um produto ou serviço sem a aceitação de seu consumidor. Olhar para as necessidades da população, portanto, e criar ofertas focadas em suas dores e demandas será essencial para a adoção em massa dos ativos digitais.
Isso inclui desde o lançamento de produtos mais sofisticados, como remessa internacional tokenizada, derrubando fronteiras geográficas, até ajudar o cliente a entender quais benefícios ele terá com essa nova tecnologia. Especialmente os bancos, são instituições que têm uma responsabilidade muito grande em educação financeira.
Os executivos do setor presentes no Febraban Tech 2023 apontaram ainda o grande potencial da tokenização de ativos para democratizar o acesso a crédito e a investimentos, principalmente aqueles que hoje são restritos a determinados perfis de clientes, como FIDCs.
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